Um
dos mais populares textos dofim da Idade Média foi um relato de
viagem ao Oriente em que o personagem eera um cavaleiro inglês, Jean
de Mandeville, morto em Liége em1372. Mas será que o autor realmente
saiu da Europa algum dia ? Não se sabe ao certo.
Aos
nossos olhos a narrativa de Jean de Mandeville é apenas um apanhadode
invenções caluniosas que fazem referência a povos fabulosos: os
cinocéfalos, homems com cabeça de cachorro que latem em vez de falar;
homens sem cabeça cujo rosto aparece no peito; pessoas que se alimentam
do cheiro de frutas... entre muitos outros. Os mais divertidos são sem
dúvida os homens "cujo lábio inferior é tão grande que, quando querem
dormir ao sol, cobrem o rosto com esse lábio inferior".
Jean
de Mandeville não foi o inventor desses seres monstruosos. Se seus
relatos tiveram tamanho sucesso, foi justamente porque confirmavam
crenças sólidas do Ocidente sobre o Extremo Oriente, e em particular
sobre a India, terra de todas as maravilhas.
No
século V antes da era cristã, o historiador Heródoto e o médico Ctésias
de Cnido foram os primeiros a mencionar formigas caçadoras de ouro,
escorpiões alados, homens com pernas de aranha ou com orelhas em que se
embrulhavam para dormir. Eram interpretações de figuras da mitologia
hindu. Relatos assim apareceram mais tarde, no século I d.C., por meio
de Plínio, o Moço, orador e politico cuja obra, História Natural, foi
uma fonte utilizada por intelectuais medievais como Isidoro de Sevilha,
no século VII e Raban Maur, no século IX - além de sucessores que os
copiavam. Nessas obras, encontram-se a nomenclatura "raça" monstruosas,
humanas ou animais, criações herdadas dos gregos.
Nos
últimos séculos da Idade Média, as raças monstruosas faziam parte da
cultura dos letrados. Eram encontradas principalmente nos mapas
inspirados nos modelos antigos, como o famoso mapa-mundi de Hereford, da
virada do século XIII para o XIV:
Nele,
a Índia e a Etiópia eram representadas por homens sem boca ou sem
cabeça, com longas orelhas, e ainda sátiros, faunos, unicórnios...
A
palavra latina monstrum é aplicada a seres ou objetos que anunciam a
vontade dos deuses. Etimologicamente, aproxima-se de ‘monstro, -as,
-are’, que significa mostrar, indicar. Com esse sentido Isidoro a
registra no terceiro capítulo do livro XI de seu livro de Etimologias. O
monstro é a criatura que mostra e, assim como o portento e o prodígio,
expõe um sinal ou aviso. É uma figura de advertência. Seu exagero,
tamanho ou estranheza garantem um senso de urgência a sua interpretação.
O monstro é um sinal divino que não deve ser ignorado. A vontade divina
ou suas indicações são mais claras quando apresentadas em forma
monstruosa.
Os
pregadores e conselheiros medievais, recorriam aos monstros para
representar as características humanas: os gigantes representavam o
orgulho, os pigmeus simbolizavam a humildade, e os homens com cabeça de
fera (cachorro por exemplo) alegorias da discórdia.
A) Chest le livre de toutes les keures de la Vile dâypre. Sec. XIV.
A Trindade está representada por uma personagem com pernas longas e peludas, tendo na mão uma adaga e na outra um objeto redondo que parece um pequeno escudo. Sobre um pescoço desmesurado, vai-se reunidas três cabeças sob uma mesma coroa. As faces se dispõem de forma que os dois olhos da figura são vistos de perfil e um frontal. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 65, fig. 53.
B) Bible du Musue Britannique Bibliographica. Londres, 1900, part VII, p.394.
Monge com cara de papagaio exercendo sua eloquência diante de um bispo com o rosto de macaco que o abençoa, enquanto que ao redor deles estãoo seres bizarros representando, talvez, suas ovelhas. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 141, fig. 117.
C) A figura está contida no manuscrito de Ypres intitulado"o livro de todas as coisas da vila de Ypres". Faz forte referência a religiosidade da região. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 146, fig. 121.
D) Na figura vemos uma ave portando sua família dentro de um cesto pendurado nas costas e seguido por uma forma monstruosa constituída de elementos bizarros e fantásticos. Manuscrit n.103 de la Bibliotèque de Cambrai. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 75, fig. 69.
A Trindade está representada por uma personagem com pernas longas e peludas, tendo na mão uma adaga e na outra um objeto redondo que parece um pequeno escudo. Sobre um pescoço desmesurado, vai-se reunidas três cabeças sob uma mesma coroa. As faces se dispõem de forma que os dois olhos da figura são vistos de perfil e um frontal. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 65, fig. 53.
B) Bible du Musue Britannique Bibliographica. Londres, 1900, part VII, p.394.
Monge com cara de papagaio exercendo sua eloquência diante de um bispo com o rosto de macaco que o abençoa, enquanto que ao redor deles estãoo seres bizarros representando, talvez, suas ovelhas. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 141, fig. 117.
C) A figura está contida no manuscrito de Ypres intitulado"o livro de todas as coisas da vila de Ypres". Faz forte referência a religiosidade da região. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 146, fig. 121.
D) Na figura vemos uma ave portando sua família dentro de um cesto pendurado nas costas e seguido por uma forma monstruosa constituída de elementos bizarros e fantásticos. Manuscrit n.103 de la Bibliotèque de Cambrai. MAETERLINCK, L. Le Genre Satirique dans la Peinture Flamande. Gand: 1903, p. 75, fig. 69.
Sereia
A figura da sereia tanto pode se associar
ao conceito da salvação e da redenção,
como às forças maléficas do pecado.
Há, por exemplo, duas categorias de representações
das sereias: a sereia-peixe e a sereia-pássaro.
A primeira, com a aparência física de um
ser meio homem meio peixe, representavam divindades marítimas
(resgatadas do folclore escandinavo). A sereia-pássaro,
com a cabeça humana (com feições
masculinas ou femininas) e corpo de pássaro, representava
a alma condenada dos mortos; que, com seu canto sedutor,
levava os navegantes ao naufrágio.
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Dragão
O dragão é um animal fantástico
que tem presença constante na cultura medieval.
Porém, sua origem remonta à antiguidade
de várias culturas. É possível que
a "imagem" do dragão, uma serpente ou
réptil alado e de proporções gigantescas,
tenha sido idealizada a partir de fósseis de dinossauros.
Na Idade Média, principalmente por influência das citações bíblicas, o dragão foi associado a aspectos maléficos (como a serpente), sempre como um inimigo mortal e poderoso. Uma célebre representação é a de São Jorge, montado à cavalo, ferindo um dragão com sua lança; numa clara alusão da vitória do bem (cristianismo) sobre o mal (o dragão pagão). Ainda, o Dragão figura freqüentemente na heráldica medieval. |
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Grifo
O grifo, animal que possui cabeça
e asas de águia e corpo de leão, também
é encontrado em brasões. Sua conotação
é (geralmente) positiva; pois representa a águia
(rainha das aves) e o leão (rei dos animais terrestres).
Há uma lenda de que os grifos entraram em combate
com os cavalos que tentaram roubar o seu ouro. Assim,
há uma grande rivalidade entre grifos e cavalos;
fato que levou cavaleiros medievais a utilizar escudos
com a imagem de grifos, para desencorajar os cavalos dos
inimigos. Há ainda o hipogrifo, que seria o resultado
do cruzamento de um grifo com uma égua.
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Basilisco
O basilisco é descrito como uma
serpente com cabeça de galo que nasce quando um
ovo de galinha é chocado por um sapo. Em algumas
representações, devido ao tamanho e por
estar dotado de patas, é confundido com dragões.
O basilisco seria capaz de matar apenas fixando o seu
olhar sobre a presa. Segundo as lendas, é responsável
por conduzir a alma desencarnada dos condenados ao inferno.
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Harpia
A harpia, que na mitologia grega foi enviada
para roubar o alimento do rei cego conhecido por Fineu,
é mais uma representação com corpo
de ave e cabeça e tórax humano (tanto masculino
como feminino) e está associada (geralmente) à
luxúria e a entrega do homem aos prazeres sexuais.
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Centauro
Os centauros são mais uma representação
oriunda da mitologia grega. Com o corpo de eqüino
e tórax, braços e cabeça humana,
representa a brutalidade. Na iconografia cristã,
também está associado à lascívia.
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Unicórnio
O unicórnio é uma das representações
que se atribui significados. Oriundo também da
mitologia grega, na Idade Média, estava associado
à pureza da virgindade; portanto, é comum
encontrá-lo retratado junto a uma dama. Por outro
lado, na heráldica, pode representar a nobreza
e a virilidade. Ainda, há a lenda de que seu chifre
é capaz de neutralizar qualquer veneno e curar
todas as doenças.
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Leucrota
A leucrota é do tamanho de um eqüino
com o traseiro de um veado e peito e patas de um leão,
cabeça de cavalo e a mandíbula aberta até
altura das as orelhas, com um osso maxilar ao invés
dos dentes. Uma de suas habilidades é produzir
sons semelhantes à voz humana.
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Porco
O porco está associado à
gula ou luxúria. Santo Isidoro de Sevilha atestava
que "os porcos são imundos porque se revolvem
e sujam na terra à procura de alimentos".
Na obra Hortus Sanitatis (1485), Jehann von Cube
reafirma a associação do porco à
luxúria, referindo também à precocidade
sexual do animal, que aos oito meses já é
capaz de copular.
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Aves
De uma forma geral, as aves recebem atribuições
positivas; já que as asas simbolizam a capacidade
de voar e alcançar o Reino Divino no céu.
Também é comum encontrá-las picando
as próprias patas, numa alusão ao ato de
"despregar-se" da sua natureza terrena. A pomba
e a águia são as aves mais comuns nestes
contextos.
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Leões
Leões estão associados à
força e nobreza. É comum encontrá-los
nas entradas principais de templos religiosos exercendo
a função de guardiões do templo,
como se alertassem o observador que aquele local é
sagrado e restrito. Na bíblia, pode assumir um
caráter positivo (como o leão de Judá,
os leões do trono de Salomão ou o leão
de São Marcos), como uma imagem negativa, como
os leões que Daniel tem de enfrentar.
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Touro
O touro, que está presente em diversas
culturas da Antiguidade, sempre recebeu atributos positivos
por sua força e coragem. Entretanto, durante a
solidificação do cristianismo medieval,
devido aos chifres e patas, recebeu uma conotação
demoníaca.
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Se quiserem saber mais a respeito podem acessar o site:
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