24/02/2012

Conquista: Legionários Romanos


Conforme conversamos  em sala, segue a postagem do video que assistimos. Vale a pena rever e caso ainda tenha dúvidas, vamos esclarece-las durante as nossas aulas. O vídeo foi dividido em 3 partes. Confira :

Parte 1




Parte 2




Parte 3


23/02/2012

Estudos sobre a Civilização Romana: "Os Etruscos"


Olá, é sempre bom ver você de volta ao nosso blog. Continuando a nossa ideia, vamos hoje discutir um assunto, que em sala de aula infelizmente não teremos tempo suficiente de discutir. Como você se lembra, neste inicio de ano, estamos realizando uma revisão a respeito da Civilização Romana. Um ponto importante dessa revisão é a luta dos romanos contra outros povos, o que acaba consolidando naquele civilização a experiência e ideia da conquista e supremacia como meio de existência. Vamos então antes de avançar e falar mais um pouco sobre os romanos, falar sobre os Etruscos. A fonte de nossa fala aqui hoje é resultado do trabalho de pesquisa de uma outra professora e historiadora chamada Valéria Pereira. O trabalho da colega historiadora é impressionante e rico em fontes que vão nos ajudar a entender melhor este povo, assim como os romanos.
Os Etruscos foram um povo antigo, cuja origem muito já foi discutido e continua-se a discutir ainda hoje. Muitas são as teorias a respeito. Segundo Heródoto (considerado o pai da História), eles seriam provenientes da Lídia (antiga região histórica e reino da Idade do Ferro localizada na Anatólia Ocidental, na Ásia Menor, em terras pertencentes hoje à Turquia). Segundo Dioniso de Halicarnasso seriam autóctones, isto é, da própria Itália. Alguns os consideravam descendentes dos antigos Sardos (os Šardana), os quais, entre os séculos XII e IX a.C. se estabeleceram nas costas da península italiana, fundando mais tarde algumas colônias, como Vetulonia, Populonia e Vulci. Mas, para outros estudiosos de etruscologia a hipótese mais convincente ainda é a vilanoviana, segundo a qual as raízes proto-históricas dos Etruscos remontariam a uma antiga civilização que habitava os locais que mais tarde iriam constituir a Etrúria.

mapa da Etruria
A civilização vilanoviana é assim chamada pelo fato de as primeiras descobertas arqueológicas terem ocorrido em Villanova, localidade próxima a Bolonha(Itália). Essa cultura, a partir de uma fase específica de seu desenvolvimento, a fase chamada “orientalizante”, não é mais denominada civilização vilanoviana e sim civilização etrusca.

Tumba dos Relevos, Necrópoles de Banditaccia, Cerveteri, Itália.


Mas o que é essa fase “orientalizante” ?
Os etruscos foram fortemente influenciados pelos Gregos antigos. Alguns estudiosos definem o século VIII a.C. como o período 'orientalizante' da história etrusca, referindo-se à influência proveniente do Oriente Próximo. Os períodos posteriores são chamados de Clássico e Helenístico, segundo os estilos da arte grega . Em sua própria língua os Etruscos, chamavam-se Rasenna ou Rasna, em grego Tyrsenoi, que tomaram o significado de "Tirrenos" e mais tarde "Etruscos", isto é, habitantes da ΤυρσηνίηTürsenie ou Etrúria.

vaso Etrusco

Os Etruscos também adotaram uma forma do alfabeto grego e elementos de sua mitologia, incluindo deuses do panteão grego.
Estela funerária com inscrição em etrusco.
Documentos etruscos

Os gregos também influenciaram a cerâmica etrusca em muitos aspectos, introduzindo o próprio vasilhame e permutando-o com outras mercadorias. Ceramistas gregos dirigiram-se à Magna Grécia e à Etrúria, onde ensinaram artesãos e artistas locais suas técnicas e habilidades. Alguns se estabeleceram na península italiana, onde continuaram a produzir e decorar vasos segundo seu próprio estilo. Também introduziram o torno veloz e técnicas de cozimento das cerâmicas em alta temperatura em fornos mais avançados.


A Magna Grécia


Inúmeras colônias foram fundadas nas costas meridionais da península italiana e na Sicília no século VIII a.C., tanto que os escritores romanos antigos denominaram esta área Magna Grecia ou Grande Grécia. Os colonos gregos trouxeram consigo a cultura helênica, inclusive suas tradições religiosas e mitos.
Abaixo podemos ver em que local ficavam as antigas colônias e onde se localizam hoje na Itália:

Colônias gregas (Calábria)
Atualmente localizada no território comunal (municipal) de:
Rhegion, Rhegium
Reggio Calabria
Locri Epizefiri 
Portigliola 
Kroton 
Crotone 
Kaulon 
Monasterace 
Sybaris 
Sibari 
Petelia 
Strongoli 
Krimisa 
Cirò 
Hipponion 
Vibo Valentia 
Metauros 
Gioia Tauro 
Medma 
Rosarno 
Laos 
Santa Maria del Cedro 
Thurii 
Thurio 
Temesa 
Amantea 
Terina 
Lamezia Terme 
Scolacium 
Borgia 

Colônia grega (Campania)
Atualmente localizada no território comunal (municipal) de:
Pitecusa                                   
Ischia 
Kyme                                        
Cuma 
Parthenope                              
Nápoles 
Dikaiarcheia 
Pozzuoli 
Neapolis 
Nápoles 

Colônia (Campania meridional)             
Atualmente localizada no território comunal (municipal) de:
Poseidonia - Paestum 
Capaccio - Paestum 
Elea - Velia 




Pixunte


Palinuro e Molpa               
Ascea / Moio della Civitella (phrourion,isto é, posto defensivo, de Elea) 


Santa Marina


Centola

Colônia (Lucania – atual Basilicata)
Atualmente localizada no território comunal (municipal) de:
Metapontion, Metapontum 
Metaponto 
Siris 
Policoro/Nova Siri 
Heraclea 
Policoro 
Pandosia 
Tursi (fração Anglona) 
Pistoicos 
Pisticci 
Troilia, Obelanon 
Ferrandina 

Colônia (Puglia)
Atualmente localizada no território comunal (municipal) de:
Taras, Tarentum 
Taranto 
Sidion - Silvium 
Gravina 
Canusion - Canusium 
Canosa 
Kallipolis 
Gallipoli 
Apeneste 
Vieste 
Matinum 
Mattinata 
Argyrippa - Arpi 
Foggia 

Colônias gregas não pertencentes à Magna Grecia
Colônia
Atualmente localizada no território comunal (municipal) de:
Ankon, Ancona     
Ancona 
Adria 
Adria 
Teate, Chieti 
Chieti 
Muitos daqueles gregos que chegaram às costas meridionais da península e à Etrúria eram mercadores que traziam mercadorias gregas para vender ou permutar (trocas por valor ou uso equivalente) com produtos etruscos. Este comércio contribuiu para a difusão de idéias e costumes diversos.

As primeiras civilizações conhecidas na Itália são a de terramar (1500 a.C.) e a vilanoviana (1.000 a.C.)desenvolvidas no norte (vale do rio Pó) no final da pré-história. A área ocupada pelos Etruscos  localiza-se entre os rios Tibre (Roma) e Arno (Florença) , o mar Tirreno (oeste da Itália), a planície do rio Pó (norte da Itália) e o mar Adriático (leste).
A economia etrusca se baseia no comércio através do mar Mediterrâneo. A concorrência dos gregos e dos fenícios provocou sua crise econômica. Sem poder comerciar através do mar, dedicaram-se à agricultura, menos rendosa. A partir do séc. III a.C. serão absorvidos pela cultura romana.


"É na verdade impressionante constatar que, por duas vezes, no século VII a.C. e no século XV d.C., praticamente a mesma região da Itália central, a Etrúria antiga e a Toscana moderna, tenha sido o centro determinante da civilização italiana".
(James Heurgon, A vida cotidiana dos etruscos, 1967).
A documentação arqueológica da primeira fase do vilanoviano poderia dar a impressão de uma sociedade que tendia ao igualitarismo. A simplicidade das evidências funerárias poderia, porém, não espelhar fielmente a sociedade, mas estar determinada pelas ideologias religiosas e funerárias. Em todo caso, mesmo no período vilanoviano mais antigo, não faltam descobertas que trazem signos de diferenciações sociais.
Vaso ossuário em bronze com elmo datado do séc. IX a.C., Museo Archeologico Nazionale de Florença, Itália.




Cratera com tampa, 725-700 a.C.
Em Tarquínia, por exemplo, na necrópole de Poggio Selciatello, foram encontrados alguns sepultamentos, masculinos e femininos, com enxovais funerários particularmente significativos pela qualidade ou quantidade dos elementos. Em alguns sepultamentos masculinos do século IX a.C. (em Bolonha, Tarquínia, Cerveteri e Veios) foram encontradas hastes de bronze ou de osso que foram interpretadas como "cetros", ou seja atributos de prestígio e relativos à função do defunto. Outros arqueólogos observaram (por exemplo, Jean-Paul Thuillier) que as formas de povoamento do vilanoviano, caracterizadas pelo deslocamento em direção a planícies e colinas e pela centralização dos indivíduos em vilarejos maiores do que os do período anterior, parecem corresponder a um verdadeiro projeto político, o que evidencia a existência de chefes no âmbito destas comunidades.
Diferenciação social
Espelho etrusco em bronze, séc. IV a.C., Coleção George Ortiz.

A partir do início do século VIII a.C. encontram-se traços de uma diferenciação social que marcam o surgimento da aristocracia. Encontram-se sepultamentos, seja urnas cinerárias (cinzas) ou inumação (enterro, rito este que, especialmente no sul da Etrúria, tende a substituir a incineração) que se destacam pela riqueza dos enxovais masculinos e femininos. Os sepultamentos são marcados pelo aumento de ornamentos pessoais e pela qualidade ou pelas grandes quantidades de vasilhame de argila ou bronze.

                                                                  Guerreiro de bronze


Os objetos também evidenciam trocas entre as comunidades vilanovianas e de outras culturas. Além de objetos vindos do Lácio e de outras regiões, inclusive da Sardenha, encontram-se objetos gregos e orientais (Síria, Fenícia, Egito). Os enxovais das tumbas por inumação, em geral, são mais ricos do que os relacionados à cremação. Aumentam também de forma relevante as urnas em forma de cabana.
As sepulturas masculinas de maior prestígio apresentam arreios de cavalos, carruagens em miniatura, elmos, escudos, espadas, lanças e machados. As miniaturas de carruagens são encontradas também nas sepulturas femininas das mais altas hierarquias, as quais se caracterizam pela enorme quantidade e qualidade dos instrumentos para fiar tecidos e enfeites pessoais. 



Carruagem etrusca de bronze e marfim, 550-525 a.C., Metropolitan Museum, Nova York.
A tipologia de tumbas e rituais, embora na mesma época e lugar, é muito variada. As tumbas com aposentos contendo várias sepulturas (Populonia) e as tumbas circulares de pedra (Vetulonia), parecem evidenciar, junto aos indivíduos, a família e os grupos familiares, que são identificado pela ocupação de determinados setores das necrópoles e pelo caráter comunitário dos enxovais e rituais.
Necrópoles de Populonia.
EXPANSÃO DA CIVILIZAÇÃO ETRUSCA

O máximo de prosperidade e de expansão foi atingido pelos Etruscos por volta de meados do século VI a.C.
Acerca de 540 a.C., os etruscos de Cerveteri, aliados dos Cartagineses, derrotaram, na batalha de Alalia, diante da Córsega, os gregos foceenses de Marselha, na época, os mais poderosos navegantes marítimos.




Nesse período, os Etruscos conseguiram estabelecer sua hegemonia sobre toda a península itálica, no Mar Tirreno, graças à sua aliança com Cartago, e sobre o Mediterrâneo Ocidental.






EXPANSÃO NO NORTE E SUL

No início os Etruscos ocupavam a fértil faixa costeira da Toscana e as áreas em torno aos montes Apeninos, entre Bolonha e Volterra.
Praticavam a agricultura e recuperaram muitas áreas pantanosas, tornando os terrenos cultiváveis. Mais tarde estenderam seus territórios sobre o Lácio e sobre a Planície do Rio Pó (Pianura Padana).
Sua atividade principal era a produção de metais, que extraiam das minas. Os etruscos foram os maiores produtores de ferro do Mediterrâneo. Com os metais, criavam objetos muito apreciados pelos outros povos mediterrânicos.Desenvolveram, assim, o comércio marítimo de seus produtos manufaturados.
Cavalo de metal etrusco, da cidade de Vietri.
Cidades como Cerveteri, Vulci e Tarquínia passaram a controlar o comércio no Mar Tirreno.


Maçaneta etrusca em metal, Metropolitan Museum of Art, N. York.
A Língua etrusca 

O etrusco foi uma língua falada e escrita em diversas zonas da Itália, e precisamente na antiga região da Etrúria (atuais Toscana, Úmbria ocidental e norte do Lácio), na planície padana (atuais Lombardia e Emília-Romagna), de onde os Etruscos foram expulsos sucessivamente pelos Gauleses e mais tarde absorvidos pelos Samnitas.
Inscrição etrusca encontrada em Perúgia, ca. séc. III-II a.C. Museo Archeologico de Perúgia, Itália. A inscrição relata um acordo entre as famílias dos Velthina e dos Afuna, acerca das formas do uso comum de uma propriedade que incluía uma tumba da família Velthina.  

No entanto, o Latim substituiu completamente o etrusco, deixando apenas alguns documentos e muitos empréstimos linguísticos ao latim (como, por exemplo, persona [pessoa], do etrusco  φersu), e inúmeros nomes de locais - como Tarquínia, Volterra, Perúgia, Mântova [Mântua], e mais ou menos todos os topônimos que terminam em "-ena", como Cesena, Bolsena, etc.


Alfabeto etrusco.

Outros exemplos de termos de provável origem etrusca são:atrium (corte ou tribunal), fullo (pleno), histrio (ator),lanista (instrutor de gladiadores), miles (um, uma), mundus(mundo, mundial), populus (povo) e radius (raio).

A língua etrusca foi amplamente documentada entre os séculos IX e I a.C.

Lâminas de ouro com um tratado escrito em Etrusco e Fenício, conhecidas como "Lâminas de Pyrgi", de imenso valor histórico. Museo Etrusco di Villa Giulia, Roma.

Segundo a maioria dos estudiosos, é uma língua que não é indo-européia; porém alguns linguísticos, como Adrados recentemente propuseram uma controversa filiação do etrusco de uma fase muito antiga das línguas indo-européias de tipo anatólico, particularmente o lúvio, a língua dos antigos povos Hititas.
Segundo a maioria dos estudiosos, é uma língua que não é indo-européia; porém alguns linguísticos, como Adrados recentemente propuseram uma controversa filiação do etrusco de uma fase muito antiga das línguas indo-européias de tipo anatólico, particularmente o lúvio, a língua dos antigos povos Hititas.
Liber Linteus ou Zagrabiensis, o maior texto em etrusco conhecido, e o único livro etrusco em linho remanescente.

A língua etrusca, inicialmente difundida na própria Etrúria (Alto Lácio e Toscana, entre os rios Tibre e Arno), afirmou-se sucessivamente numa área mais vasta, que incluia parte da planície do rio Pó e da Campânia, após a notável expansão da cultura etrusca no século VI a.C.
Alguns estudiosos, entre os quais Helmut Rix, relacionam o etrusco também à língua rética, falada pelos Rétios na área dos Alpes até o século III d.C.

Arte e Religião


A arte etrusca está fortemente ligada a exigências de caráter religioso. Os etruscos, pelo que sabemos de sua religião possuiam uma visão bastante pessimista da morte (pelo menos é o que foi documentado no período do declínio de sua civilização).

Cabeça de divindade feminina etrusca, séc. II a.C. (?), Museu do Louvre, Paris. 

Parece não terem compartilhado tanto a crença sobre a bem-aventurança da vida ultraterrena como os Egípcios, nem se relacionado com seus deuses de uma forma "confidencial", como os Gregos.
Cabeça Etrusca, Metropolitan Museum, N. York.


Os deuses etruscos eram, na maioria das vezes, hostis e dispostos a causar o mal. A maior parte da religião etrusca estava voltada à interpretação da vontade destes deuses e a aceitar e satisfazer cegamente suas exigências. Acreditavam, porém, na vida eterna após a morte.

Afresco de uma tumba etrusca representando uma cena de banquete. Ny Carlsberg Glyptothek, Copenhague.

As primeiras manifestações da arte etrusca remontam ao século VIII a.C. e prosseguem por mais ou menos 600 anos.
Os etruscos acolheram muitas influências gregas, mas as transformaram segundo as suas exigências. No mundo grego, a arte sofreu uma grande evolução, porém os etruscos repetiram por muito tempo os modelos que adotaram.
A arte etrusca está ligada à vida cotidiana ou às práticas rituais do culto religioso. Não tende à idealização, como a arte grega.


Dançarina, detalhe da Tumba do Malabarista, Tarquínia.

Os testemunhos da arte etrusca estão ligados a obras de caráter funerário. Sabemos pouco sobre eles pois sua língua não foi totalmente decifrada. Conhecemos apenas um número restrito de palavras, e os documentos que restaram são, quase todos, inscrições fúnebres.


Dançarinos, Tumba do Triclinium, Tarquinia.

Arquitetura


As TUMBAS representam a crença dos etruscos na vida pós-morte. As tumbas eram consideradas como casas. Nelas eram depositados objetos úteis, e também os canopos (urnas funerárias) que representavam os traços do morto. No interior das tumbas foram encontrados vasos, jóias, mobílias, enxovais, armas e pinturas murais, isto é, a maior parte do que conhecemos desta civilização.





Interiores de tumbas etruscas
 A casa, o templo e a tumba seguem um mesmo esquema construtivo.





Os restos das muralhas das cidades são de grande interesse pois introduzem um novo sistema construtivo: o arco, que vai ser amplamente usado pelos romanos.

ESCULTURA
A escultura etrusca está ligada ao culto funerário.
Suas principais manifestações são:


Os canopos são vasos funerários de terracota ou bronze, representando uma cabeça com as feições do morto. Algumas vezes podia haver braços nos corpos dos vasos. Os canopos representam os primeiros exemplos de retratos na Itália, que seriam tão importantes na arte romana.

As estelas eram também uma forma de celebrar o morto. A estela é uma espécie de coluna destinada a ter uma inscrição.

Há também inúmeros sarcófagos de pedra.
Os sarcófagos de terracota decorados com pintura ou baixo-relevos também são objetos importantes da arte etrusca.



O “Sarcófago dos esposos”, de 520 a.C.  é o mais famoso e um dos mais belos sarcófagos de “casais recostados”.


O homem, de torso nu, apóia a mão sobre o ombro da esposa, que veste o chíton e o manto. A mulher usa um barrete de lã etrusco típico chamado tutulus e sapatos pontudos, ou calcei repandi.

Os dois estão acomodados sobre um leito festivo chamado “Kline”, ou seja, participam de um banquete.
O único escultor etrusco cujo nome conhecemos foi Vulca, da cidade de Veios escultor do célebre Apolo “que caminha”. Esta obra manifesta a capacidade etrusca de reelaborar os modelos gregos.
Há aqui uma tensão que privilegia o movimento e o corpo ao invés da perfeição formal da arte grega, mais racional.


Apolo de Veios, 510-490 a.C.
A Loba Capitolina (que se tornou o símbolo de Roma) pode ser situada neste contexto: é um bronze sobriamente modelado. A loba é tensa e demonstra uma contida, porém quase demoníaca vitalidade.


Loba Capitolina (Rômulo e Remo foram acrescentados no séc. XV), 500 a.C.
A Quimera de Arezzo é um monstro com corpo de leão, serpente e cabra. É modelada de forma magistral. É representada com o corpo voltado ameaçadoramente para o inimigo, a cabeça que ruge e as massas musculares vibrantes.


A Quimera, bronze, séc. IV a.C.
Nos séculos III e II a.C. triunfa o retrato, com estátuas de bronze de alto nível, como o busto conhecido como Bruto Capitolino, que pode ter pertencido a uma estátua inteira.


Retrato de um homem de uma tumba em Cerveteri.
As maçãs do rosto salientes, os olhos penetrantes e as linhas apenas esboçadas dos cabelos e da barba lhe conferem uma dramática altivez, e  isto motivou a sua identificação com o personagem histórico, um dos fundadores da República Romana.
Outra obra-prima é a estátua do Orador, do século II a.C., retrato de Aulo Metelo, do último período da civilização etrusca. Representado com o braço direito levemente estendido, o rosto calmo e persuasivo ao pronunciar um discurso. 


O Orador, século I a.C.
O retrato reflete a presença dos Romanos no território dos Etruscos, pois o realismo da figura será um dos elementos mais característicos da escultura romana.


Cerâmica

 
Entre os etruscos a cerâmica era usada sobretudo na escultura para a produção de máscaras; na produção de sarcófagos que reproduziam os traços do defunto em tamanho natural ou figuras divinas; na produção de vasos para uso doméstico e de vasos funerários com a tampa em forma de cabeça humana para guardar as vísceras dos mortos (canopos, como já vimos).

Cratera etrusca proveniente de Caere, ca. 600 a.C. Coleção George Ortiz.
Os etruscos adquiriam dos gregos cerâmicas refinadas. A produção da cerâmica etrusca foi fortemente influenciada pela Grécia e pela Magna Grécia (sul da Itália).
Porém, o produto mais original da cerâmica etrusca é obucchero (búquero), sofisticado, geralmente negro, fino e decorado simplesmente com graffiti e relevos.







Pintura





Dança fúnebre, afresco etrusco, séc. V a.C.


Músico, Afresco da Tumba dos Leopardos, Tarquínia, 1ª metade séc. V a.C.

A pintura etrusca não era decorativa ou comemorativa. Sua intenção era recriar o ambiente terreno do defunto e provê-lo de todo o necessário para servi-lo no além.
As pinturas etruscas mais significativas se encontram nas tumbas da necrópole de Tarquínia, durante todo o período da civilização.







Harpista, afresco da Tumba do Triclinium, Tarquinia, ca. 480 a.C.
As composições são sempre vivazes, animadas com cores de tons quentes, do amarelo ao vermelho e ao marrom.
Todas as figuras são representadas de perfil, isoladas uma da outra, dispostas em um único plano, sempre definidas por uma linha de contorno bem visível.


Luta de pugilistas, afrescos da Tumba dos Áugures, Necrópoles de Monterozzi, Tarquinia.

Homens e mulheres se distinguem pela cor da pele: clara para as mulheres, escura para os homens. As pinturas das tumbas fornecem muitas informações sobre a vida social e familiar dos etruscos, e  sobre sua postura em relação à morte, no início serena e confiante, e depois cada vez mais oprimida e obcecada por obscuras presenças demoníacas.







Cena de sacrifício humano com divindades infernais, afresco etrusco.


A Roupa Etrusca



Trajes etrusco-romanos.
Embora sua expansão na Itália Meridional tenha levado os Etruscos a estabelecer fecundas relações com as colônias da Magna Grécia, os costumes típicos desse povo são mais influenciados pelas populações orientais ou da área cretense-micênica, especialmente no período mais arcaico.
Além das TOGAS DRAPEADAS de ascendência helênica e romana, de fato, os Etruscos vestem trajes cortados e costurados que seguem as linhas do corpo.

Busto de uma jovem etrusca em tamanho real usando jóias em terracota; as peças podem ter sido moldadas em jóias reais. Final do séc. IV a.C. ou início do século III a.C. Metropolitan Museum of Art, N. York.
O gosto pela cor, pelas linhas arrojadas, pela estilização e pelo movimento são outras características peculiares, tanto da arte quanto da indumentária deste povo.
Além da túnica, os homens trajam um amplo manto retangular, com bordados e cercaduras, chamado TEBENNA, que envolve a pessoa por inteiro, deixando livres apenas o ombro e o braço direito e pode ser vestido mesmo sobre o corpo nu.


Os musicistas retratados nos afrescos de Tarquínia vestem “tebennas” de cor vermelho-amaranto, turquesa e em toda a gama do ocre.
O rei, chamado lucumone (luchmon), [havia mais de um deles, que tratava-se mais de uma espécie de príncipe-magistrado] traja um manto quadrado, bordado e ornado de laços nos ângulos, com uma abertura para a cabeça ricamente bordada.


A roupa feminina tem um efeito surpreendentemente moderno: trata-se de um vestido longo e justo, sem cintura, com as mangas três quartos, que vão até os cotovelos, às vezes com um decote nas costas e dotado de um capuz.

Ou vestem trajes de duas peças, formados por uma saia longa, justa ou vaporosa, e por uma espécie de bolero, ambos espessamente bordados com motivos geométricos. 
Os tecidos mais usados são a lã e o algodão, enquanto o feltro é empregado nos calçados e os chapéus, que parecem barretes frígios, são cônicos e dobrados. 


Até o século V a.C., período em que entram em contato com as colônias gregas, os Etruscos não usam sandálias, mas um calçado característico de origem oriental, uma espécie de botina alta fechada por laços, que deixa descobertos os dedos dos pés.







                                                                                        Sandálias de couro



                                                                                 Botas de ponteiras viradas


Sandálias Etruscas


                                                                                Sapato em couro macio


As botas em feltro dos soldados são revestidas externamente em couro.

Mesmo que os Etruscos não sejam um povo essencialmente guerreiro, mas principalmente dedicado ao comércio e ao artesanato, foram encontrados grandes elmos em bronze e couraças ricamente cinzeladas.

Elmos e couraças etruscas, séc. VII ou VI a.C.


                                             Couraça heróica (em forma de torso masculino) etrusca.

Elmo etrusco em bronze


Trajes etruscos, da obra "Trachten Der Voelker" de Albert Kretschmer (1864)

As técnicas de fusão e processamento dos metais são notavelmente desenvolvidas e permitem aos ourives a realização de jóias elegantes e refinadas.




Jóias etruscas de um enxoval funerário, período Etrusco Arcaico Tardio, ca. séc. V a.C. Metropolitan Museum, N. York.
O elemento base da joalheria etrusca é a lâmina de ouro, que é trabalhada sobretudo com as técnicas da granulação (o ouro é reduzido a minúsculas esferas que seguem um desenho), da filigrana (o ouro em fios é disposto em rede para formar vários motivos decorativos, na maioria florais).




Brinco etrusco em ouro e esmalte, séc. VI a.C. Metropolitan Museum, N. York.
O ouro é freqüentemente combinado com o âmbar para criar esplêndidas jóias caracterizadas por um desenho refinado, influenciado tanto pelos luxuriantes temas figurativos orientais, quanto pela sobriedade dos modelos gregos.




Anel etrusco em prata dourada, final do séc. VI - início séc. V a.C. Metropolitan Museum, N. York.
Quando os Romanos estabelecem sua hegemonia sobre a Itália, o estilo de vida dos dominadores é imposto, e a original indumentária etrusca cai rapidamente em declínio.


Brincos de ouro, séc. IV - III a.C., Metropolitan Museum, Nova York


Jóia etrusca produzida com a técnica da granulação do ouro.



Casal romano em banquete.
Parece simples pensar que a maior influência sobre as roupas femininas romanas tenha vindo dos gregos, e em parte isso é verdade: as antigas romanas, assim como as gregas, fiavam e teciam seus tecidos em casa, mas tornaram-se muito mais refinadas quando começaram a ter contato com as elegantíssimas mulheres etruscas.
De uma mulher muito elegante dizia-se em Roma que "vestia à etrusca". Por serem um povo de navegadores e comerciantes os Etruscos importaram tecidos preciosos vindos do Oriente, criando uma moda exótica e colorida.

“Banquete”, pintura mural, séc. III a.C., Tumba dos Escudos.
As mulheres usavam trajes de linho finíssimo, decorados por faixas em losangos ou em forma de xadrez, até mesmo com aplicações de lâminas de ouro; estes trajes eram presos à cintura por cintos enriquecidos por bordados coloridos e franjas.


Em geral (as mulheres das altas camadas, é claro) usavam véus que enfeitavam seus trajes, às vezes recamados em ouro e prata, e usavam jóias valiosas como broches, fíbulas, brincos e braceletes.
Os cabelos eram presos em coque na nuca e recobertos por uma espécie de touca de seda ou com uma rede dourada, deixando cair sobre os ombros duas tranças.





Seus calçados eram fantasiosos e originais, com uma grande variedade de sandálias pesadas ou leves, tamancos com a planta articulável pelo uso de um tipo de dobradiça, sapatos amarrados com cordões para uso doméstico ou para festas, galochas forradas com finas lâminas de bronze para os dias de chuva e sapatos sofisticados com a ponta para cima de influência oriental, ornamentados com fitas coloridas, tachas e correntinhas.

O fim da Civilização Etrusca


As cidades-estado etruscas eram autônomas, isto é, independentes, mas algo as ligava entre si: a língua e a religião.
E foi justamente a falta de unidade a causa de sua decadência: as cidades do norte foram conquistadas pelos Celtas; as do sul foram conquistadas pelos colonos da Magna Grécia e pelos Samnitas, enquanto as centrais cairam, uma sob a outra, sob o domínio de uma nova civilização que estava começando a afirmar-se no Lácio: os Romanos.

Moeda etrusca de Volterra, ca. 230-220 a.C.

A interrupção da expansão etrusca começou no final do século VI e foi seguida pelo seu declínio no século V a.C.
Primeiramente foi Roma que se libertou de sua supremacia com a expulsão, cerca de 510 a.C., dos Tarquínios (últimos reis de Roma). Depois foram os Latinos que, apoiados por Aristodemos de Cumas, derrotaram os etruscos na batalha de Ariccia, em 506 a.C.
Deste modo, os postos avançados dos Etruscos na região da Campânia ficaram isolados e se enfraqueceram após a derrota naval que os mesmos sofreram em Cumas em 474 a.C. (batalha de Cumas). Eles acabaram peridos em 423 a.C. com a conquista de Cápua por parte dos Oscios ou Campanos.

Arco Etrusco, Porta do Arco, centro histórico de Volterra, Itália.

O enfraquecimento do comércio marítimo etrusco tornou-se dramático quando, em 453 a.C., o tirano de Siracusa (na Sicília), Geron, ocupou a rica ilha de Elba, provocando assim um bloqueio dos portos etruscos, com exceção de Populônia.
 No norte da península italiana, a invasão dos Gauleses perturbou a geografia dos centros etruscos da planície do rio Po, entre o início do século VI e meados do século IV a.C., com a queda das cidades de Felsina e Marzabotto.
No mar Adriático as cidades etruscas foram atacadas, ao mesmo tempo, pelos Celtas e pelos Siracusianos, em plena expansão, após a vitória destes últimos contra a frota ateniense em 412 a.C.
Em 396 a.C., após uma guerra que durou quase um século, Roma conquistou a cidade de Veios, estendendo sua influência sobre parte da Etrúria meridional. Pelos próximos dois séculos os Etruscos, sob a iniciativa de algumas cidades, criaram obstáculos à expansão romana. Os Romanos romperam diversos tratados, como no caso do ataque a Volsini (Orvieto), interrompendo um tratado de paz que deveria durar várias décadas.

Templo etrusco do Belvedere em Orvieto, Itália.

Em  295 a.C., numa coalizão formada com os Umbros e os Samnitas, os Etruscos foram derrotados pelos Romanos na batalha de Sentino. Durante as próximas décadas as cidades da atual região do Lácio foram submetidas a Roma; mais tarde, elas se tornaram de súditas a aliadas de Roma, durante o ataque dos Cartagineses liderados por Aníbal. Estas cidades adquiriram um status especial, até que a Guerra Social de 90 a.C. acabou de vez com sua autonomia, até que lhes foi outorgada a cidadania romana, durante a Lex Julia de 89 a.C.